domingo, 22 de março de 2009

Valerio Arcary fala sobre o Congresso

É com emoção que me recordo do Centro de Convenções em Salvador em 1979, ainda em obras - na verdade, não mais do que uma estrutura de concreto nua - onde muitos milhares se reuniram, desafiando a ditadura para o Congresso de Reconstrução. Foi lá que votamos a histórica Carta de Princípios que definia para a UNE um campo de classe. Foi lá que juramos que a nossa UNE estaria sempre ao lado dos trabalhadores, e da luta do povo mais pobre e mais oprimido. Essa UNE que era de todos nós - de uma gente que não temia a ditadura - infelizmente, já não existe mais. Agora que a geração de Salvador chegou ao poder, receio que, afinal, não fomos todos os que levamos aquele juramento da independência da UNE a sério.

De qualquer forma, mesmo recorrendo à perspectiva que os anos nos oferecem, levando para longe a inocência, creio que os sentimentos vividos naqueles dias na Bahia, ainda sejam uma parte do melhor que carregamos em nós. Guardo, também, excelentes recordações pessoais das polêmicas com Aldo Rebelo, Alon Feuerwerker, Marcelo Barbieri, Paulo Massoca, entre outros – ásperas, talvez até exaltadas, nunca ofensivas – que hoje estão no Palácio, ou apóiam o governo. Tenho orgulho de ter estado presente, já como convidado para debates, em muitos dos Congressos e CONEG’s da UNE nos últimos vinte anos.

A UNE esteve na linha de frente da resistência ao Governo Figueiredo entre 1979 e 1984, e cumpriu um papel na campanha das Diretas. Não hesitou em apoiar as lutas dos trabalhadores de inúmeras categorias e a grande Greve Geral em 1989. Em seu melhor momento, a UNE fez história e foi a entidade que furou o cerco e encabeçou o “Fora Collor” em 1992.
Publicado pelo site do PSTU
15/04/2005

Nenhum comentário:

Postar um comentário