sábado, 25 de abril de 2009

A Via Crucis



Hoje, falar em "Ditabranda" é demonstrar no mínimo ignorancia da história.
Pois mesmo no momento do Congreso de Reconstrução da UNE, quando havia a distenção, o AI-5 já havia terminado, embora houvessem as salvaguardas, a anistia se aproximava e o ditador de plantão dizia que abria, e quem o impedisse ele prendia e arrebentava, as delegações tiveram de enfrentar a repressão, que tentava intimidar e atrapalhar a viagem a Salvador.
Partimos de São Paulo por volta das 19 horas e pouco tempo depois já eramos parados em São José dos Campos. Checagem de passageiros, recolhimento de documentos, comparação com a lista de passageiros, uma verdadeira provocação.
Ali, além de nós delegações de outros estados já estavam detidas há mais de quatro horas.
Abuso de poder, as autoridades nos tratavam como suspeitos e sempre escolhiam alguém de cada onibus para vitima, documento não confere, seu nome não consta da lista, voce devia estar no onibus tal e todo tipo de invenções.

Comunicação São Paulo


Estes foram meus companheiros de viagem.
Nosso onibus transportava toda a representação de futuros jornalistas, publicitários,
editores, relações publicas e derivados da comunicação.
As escolas representadas: Puc, Casper Libero, Metodista, Fiam, Eca, UMG, Braz Cubas e mais algumas que o tempo me fez esquecer.
Como me fez esquecer a maioria dos nomes. Dos que lembro vou nomina-los a seguir da esquerda para a direita, sem qualquer conotação politica.
Em pé Ana de vestido florido tem a seus pés Laila, as duas da metodista.
Ao lado desta Mané da UMG.
Bem acima dele Mota, uma das lideranças presentes, Partidão se não me engano.
Acima dele de camiseta branca Valéria primeira representante da combativa delegação da Fiam.
Ao seu lado parecendo o Raul Seixas, Paulo Baia, Casper, uma das lideranças da Convergencia.
Pulando dois companheiros, pode-se ver a cabeça do Qualhada da Braz Cubas.
A seguir, camiseta branca, Carlão, diretor do CA Homero Lopes da Fiam.
O próximo, cigarro na boca, é Bovo, Braz Cubas.
Entre os dois próximos, a cabeça pensante de Roberto, que abandonou a Fiam para ser caminhoneiro.
Voltando a fila de baixo, ao lado do Mota, uma dupla de representantes femininas da Fiam, Zezé e Beatriz, a Bia.
Sentado no chão, de oculos, como se fose o comandante da excursão, Mauro, outra liderança da Unidade.
Eu sou o último sentado, de óculos escuros, ao meu lado Feijão da Puc.
Os demais, seria demais, caso o acaso fosse presente.
E, então, nomes completos, identificações corrigidas, contatos, novas histórias, memorias de um tempo de conquistar liberdade.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Homenagem


Uma homenagem a nós (22/04)
Por iniciativa do deputado estadual Adão Villaverde (PT), a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul homenageia no próximo dia 26 de maio os estudantes que recriaram a União Nacional dos Estudantes (UNE) 30 anos atrás. O convite é o da imagem (clique para ampliar). Uma oportunidade para reencontrar os amigos e companheiros que participaram do Congresso de Salvador, em maio de 1979, e da primeira diretoria da entidade, eleita pelo voto direto em outubro daquele mesmo ano.

Esta noticia publicada no blog do Alon inicia um ano de homenagens merecidas aos abnegados militantes que se dedicaram a recolocar na ativa a entidade máxima dos estudantes brasileiros.
Parabens para Adão Villaverde pela iniciativa.
Veja a noticia no link:
http://www.blogdoalon.com.br/2009_04_01_archive.html

segunda-feira, 20 de abril de 2009

1978 Movimento Sindical volta as ruas



Não era sem razão que o pensamento de esquerda comemorasse a volta das greves metalurgicas dez anos depois de Osasco. Afinal, o agente certo da transformação politica voltava a cena e com isso retomava seu papel de vanguarda.
Ainda não havia caido o muro, ainda não havia quem decretasse o fim da história, Fidel continuava firme e forte, o neo liberalismo e a globalização estavam em gestação.
Viriam substituir a guerra fria e as politicas de segurança nacional.
Mas enganava-se quem acreditava que os estudantes iriam desaparecer do enredo politico. A prova estava no Congresso de 1979 e no inicio de 1980, quando os lideres do movimento sindical do ABC, Lula e Zé Maria foram presos, a UNE se mobilizou pela libertação deles, apoiou as greves e realizou manifestos de solidariedade.

1978 Uma calma aparente


Para alguns analistas o ano de 1978 representou a desmobilização do movimento estudantil. A calma entre os estudantes, se compararmos com o ano anterior, era consequencia do resurgimento do movimento sindical no ABC, que tomava para si a iniciativa de combater a ditadura e o arrocho.
Na verdade, esse marasmo estudantil era como uma fervura em banho maria, realizava-se, na USP, sem alarde o IV Encontro Nacional dos Estudantes que preparou o caldo para o prato principal a ser servido no inicio do próximo ano na Bahia, o Congresso de Reconstrução da UNE.
A revista Reporter, de curta duração, não se deixou enganar e em sua edição de junho de 78 estampava na capa "A UNE esta de volta", destacando o papel da primeira direção da UEE SP na recosntrução da entidade máxima dos estudantes, e na abertura da extensa entrevista com os lideres do movimento contextualizava o momento poltico universitário de São Paulo.

domingo, 19 de abril de 2009

1977 Um ano sem medo




Ficamos destemidos. Mesmo proibidos tentamos realizar o III Encontro Nacional de Estudantes. Primeiro em Minas, 850 presos, depois em São Paulo na PUC. Ai invasão e 500 detidos, mais dezenas de feridos e depredações do patrimonio da Faculdade.
Uma selvageria bem noticiada e comandada pelo Cel. Erasmo Dias, que não impediu de marcar um novo encontro para 1978.
O mesmo que protagonizou o cerco ao Viaduto do Chá, que pode ser apreciado nas fotos publicadas pela Veja em 11 de maio de 1977.
Acreditando estar em guerra, o coronel elaborou um plano e emboscou os estudantes no Viaduto do Chá, no centro velho de São Paulo.
Bombas e gas lacrimogenio, jatos de água disparados por Brucutus, guardas fortemente preparados como tropas de elite, tudo para enfrentar estudantes cujas armas eram a disposição para defender a abertura, anistia e melhores condições de ensino, e claro suas palavras de ordem, entre elas a mais ousada:
Abaixo a Ditadura!

1977 Olha Eu de novo ai.




Nesse ano recriamos a UEE São Paulo, aspiração dos diversos movimentos surgidos nas faculdades e universidades do estado.
Ignorando os decretos 477 e 288, os estudantes recriavam seus CAs ou transformavam os DAs em orgão independentes da escolas.
A primeira direção da UEE foi composta por membros da tendencias Caminhando, Refazendo e Novo Rumo.
Nesse ano voltamos as ruas e enfrentamos uma declaração de guerra das forças militares, que não se conformavam com a mobilização dos estudantes por todo o País.
Nas fotos a repressão registrada pela IstoÉ no Largo de São Francisco, em São Paulo.

Intervalo para História

Como chegamos até aqui, neste onibus a caminho de Salvador.
O caminho não foi fácil, como não será até lá.
Tudo recomeçou em 1976 com a criação do DCE Alexandre Vanuchi Leme da Usp, fruto da greve da ECA em 1975, contra a demissão de professores.
Participaram da primeira eleição as chapas Caminhando, Refazendo, Liberdade e Luta e Novo Rumo.
Em 1976 se realizam o I e II Encontro Nacional de Estudantes.

E então em 1977 resolvemos enfrentar a fera, e botar a cara no mundo, e fomos as ruas, ignorando a repressão e abrindo caminho no peito e na raça.
É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte. Atenção para o refrão.
O povo unido jamais será vencido.