sábado, 18 de abril de 2009

Caminhando e Cantando



Eu viajava com duas maquinas fotograficas, uma Pentax Me e uma Nikon F5, acho que era isso, pois essa segunda era emprestda. A outra a tenho em minha estante. Um trofeu.
Em uma slides coloridos, na outra negativos preto e branco. Não posso me vangloriar da qualidade, eram instantaneos de uma vivencia, retratos cheios de emoção.
Varias vezes escondemos as maquinas, pois haviam noticias de apreenssões.
E o tempo não era dedicado só a isso, haviam os conchavos, os debates de teses e até votações para estabelecer o tempo de silencio dentro do onibus.
Nas fotos o onibus em que viajei com o pessoal da comunicação de São Paulo. Puc, Mogi, Casper, Metodista e Fiam, são as que lembro, fazia parte da delegação da Fiam, iamos Eu, Carlão e Roberto, Bia, Valéria e Zezé.
Lembro que se cantava muito, Viola enluarada, Para não dizer que não falei das flores, Nada será como antes, Apesar de você, Andança e muitas parodias e palavras de ordem ensaiadas para o Congresso.

Pé na Estrada


Eu já estou com o pé nas estradas
Qualquer dia a gente se vê
Sei que nada será como antes, amanhã.

Coisas que a gente se esquece de dizer
Frases que o vento vem as vezes me lembrar
Coisas que ficaram muito tempo por dizer
Na canção do vento não se cansam de voar.

Essas duas canções de Milton Nascimento traduzem momentos distantes. O ontem, 1979 e o hoje, 2009.
Quando nossa caravana se colocou em movimento não nos importavamos se a cachorrada ia ladrar. Nós só queriamos que todos soubessem que " A UNE somos nós", " A UNE é nossa voz"
A outra o reencontro com essas fotografias, meros negativos guardados por 30 anos sem ao menos terem sido ampliados. Cartazes e documentos no fundo do armário e tantas lembranças esquecidas.
Resta uma certeza, cabe a juventude a mudança, a provocação com o novo. é ela que aponta o caminho.

Plinio e Bia


Minha homenagem a este casal, que me lembrava "Cleo e Daniel" do livro de Roberto Freire.
Eram Plinio e Bia, casal simbolo da época, ele morador da Pandengo, uma republica na Vila Madalena, ela moradora da Resp - residencia estudantil na Vila Clementino. Ele socialista, ela feminista, os dois dedicados ao movimento estudantil.
Ela foi conosco, ele ficou, presidente que era do CA Homero Lopes da Fiam.
Sem que um inibisse ao outro viviam o sonho retardado dos anos 60, amor e revolução, politica e de costumes.

Medicina Unesp


Quem parte quem fica, o que significa?
O onibus da Unesp Medicina parecia envolto numa imagem de sonho.
Queriamos mudar o mundo e recebiamos o aopio dos que ficavam torcendo pelo sucesso da empreitada, enfrentar a proibição oficial do Congresso e impor uma derrota política a ditadura militar

Folhetim


Vivendo ares de oposição a Folha de São Paulo também destacava, no caderno Folhetim de 20 de maio e 1979, a volta da UNE.
Mas para falar disso convocou seu articulista e ex presidente da UNE em 1964, José Serra, para quem concedeu varias colunas sob o título UNE: Passado e Futuro.
Para os protagonistas foram apenas tres colunas, divididas entre as tendencias Liberdade e Luta, Caminhando, Novo Rumo e Refazendo, sob o título: O que os estudantes querem da UNE?

quinta-feira, 16 de abril de 2009

O Movimento


O Movimento, um importante orgão de imprensa que enfrentava a censura e o boicote de anunciantes para manter uma linha editorial critica e independente, deu grande destaque ao Congresso de Salvador em sua edição de 26 de maio de 1979.

terça-feira, 14 de abril de 2009

O Embarque


No momento da partida, do embarque, a euforia, a emoção e a expectativa de todos. O que teriamos pela frente. Haviam noticias de repressão pelo caminho, mas a orientação era contemporizar. Os bloqueios que viriam, eram para dificultar a viagem e intimidar os estudantes. Foi um pouco mais que isso.
Mas na cabeça do pessoal estava a musica de Paulo Cesar Pinheiro:
"O que o muro separa uma ponte UNE"..."de repente, olha eu de novo/que medo você tem de nós, olha ai..." E já não era mais Pesaddelo, mas um sonho que se sonha junto, que no conceito de Raul Seixas, passa a ser realidade.
E a realidade exigia comemoração, fogos e alegria da partida, afinal estavamos, como operários da politica, indo reconstruir o que o regime militar achava ter demolido.