sexta-feira, 1 de maio de 2009

Cidade de São Salvador

Finalmente chegamos ao destino e fomos recebidos na sede do PMDB, que ficava nessa praça que aparece nas fotos.
Ali, num clima de woodstock politico, e já dez anos atrasado, realizava-se a troca de informações sobre as aventuras de cada delegação, como superaram as barreiras e como isso lhes dava mais determinação em seus propositos.
Aguardavam uma pousada, onde poderiam descansar da viagem e se preparar para o Congresso que começava no dia seguinte.

1º de Maio 1980 A UNE e os Trabalhadores



Cumprindo com os compromissos assumidos durante o Congresso de Reconstrução, a UNE e a UEE SP marcam presença nas comemorações do 1º de maio de 1980, com suas bandeiras estendidas como num jogo de futebol no Estadio de Vila Euclides e a presença de seu presidente, Rui Cesar, no palanque apoiando a luta dos trabalhadores do ABC.
Esse ato, neste ano, teve grande significado, comemorado sem governo e sem patrões, exigia sim o fim do governo e enfrentava os patrões por melhores salarios e condições de trabalho.

1º de Maio 1980 Vila Euclides


Eles tentavam impedir mas quase todos chegavam lá, no templo do renascido movimento sindical, o Estadio de Vila Euclides.
Lideres sindicais, no caso Bittar, discursavam e pediam a presença do lider que engendrara essa vigorosa retomada da influencia do operariado nos rumos, não só dos acordos em cada categoria, como nos rumos politicos do País.

Pediam sua presença, pois Lula nesse momento estava preso e enquadrado na Lei de Segurança Nacional, assim como tantos outros presos politicos condenados em tribunais militares do regime militar.

Na última imagem, Dona Marisa, esposa de Lula, cabeça baixa, nos faz pensar que naquele instante ela pensava no marido numa cela, enquanto seus companheiros se arriscavam a serem enquadrados nas mesmas leis por denunciarem o arbítrio, que proibia manifestações como aquela, mas que já não tinham como impedir.

1º de Maio 1980



Essa é a homenagem do blog ao dia internacional do trabalhador, fotos do evento em 1980, o primeiro publico e unificado, com participação em massa de metalurgicos, quimicos, graficos, professores, bancarios e claro dos estudantes e da UNE, num dos primeiros atos públicos em que participava a primeira diretoria eleita após a reconstrução da entidade.
Nessas duas imagens uma amostra do que se precisava enfrentar para chegar em São Bernardo do Campo, comandos que vasculhavam veículos suspeitos por portarem panfletos, gente com cara de estudante e jornalistas, provocando congestionamentos.
Era uma ação que revelava o conflito entre uma minoria que queria se manter no poder e a maioria da população que queria acabar com sistema vigente.

Mais Bloqueios e Paradas




Entre uma leitura e outra, um debate e outro, uma cantoria e uma dormida, mais alguns bloqueios e paradas para um lanche.
E então, além da indignação pela prepotencia e repressão, a oportunidade de conhecer outras delegações e trocar impressões, apurar as tendencias para o Congresso, fazer conchavos, fechar acordos e conhecer pessoas com ideais comuns.
Mudar o regime, eleger diretamente seus representantes, conquistar a anistia e libertação dos presos politicos. Liberdade de imprensa, fim da censura, liberdade de organização e pensamento, habeas corpus, fim das leis de excessão.
Queriamos coisas que hoje podem parecer comuns, mas que na época nos eram negadas.

Manifesto de Reconstrução da UNE


O mesmo documento apresentava uma proposta de carta de principios para a entidade que se reconstruia. Exigia independencia do Mec, do Estado e de suas entidades.
Que a UNE seja instrumento de luta contra a ditadura militar e ainda a união de estudantes e trabalhadores nas lutas por liberdade e melhores condições de vida.
Esses temas provocariam enormes debates com os que defendiam a concentração das lutas nas reivindicações específicas dos estudantes.

Outras Leituras


Este documento da Libelu também foi muito lido e debatido nos coletivos, amado ou detestado, ele era ousado, direto, e exigia ABAIXO A DITADURA.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Ausencias Forçadas



Em sua contracapa, o Jornal da UEE publicava matéria contundente apontando as vitimas da ditadura no movimento estudantil. Mortos, desaparecidos, exilados, presos ou condenados, todos eles pelo crime de exigir direito a livre organização e manifestação do pensamento.
Em destaque, Honestino Guimarâes, o último presidente da UNE - desaparecido; Aldo Arantes, presidente da gestão que criou a UNE Volante e o CPC - preso e torturado, e ainda José Dirceu e Luis Travassos - exilados e condenados pela Auditoria Militar de São Paulo por terem participado do Congresso da UNE em Ibiuna em 1968. O julgamento realizado duas semanas antes do Congresso de Salvador revela a farsa da dita abertura, que diziam concedida, mas na verdade era conquistada na luta de vários setores da sociedade brasileira que não mais suportavam aquele regime repressor.

Jornal da UEE registra apoios a Reconstrução da UNE


Ainda na mesma edição que circulava de mão em mão dentro do coletivo, vinha registrado o apoio de personalidades importantes no processo de redemocratização do País.
Ulisses Guimarâes, Don Paulo Evaristo Arns, Perseu Abramo, Almino Affonso, Paul Singer e até FHC entre outros.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Enquanto corria a Barca




O jeito para passar o tempo, e esperar o próximo bloqueio, era ler e debater temas ligados ao Congresso ou a Politica estudantil e nacional.
Verdadeiros Mini Congressos foram realizados dentro dos Onibus, até assembléias para determinar o tempo de artividades e o tempo para dormir na viagem foram realizadas.
Nas imagens o jornal da UEE de maio de 1979, publicado antes do congresso e que orientava o procedimento para tirada de delegados, organização da viagem e apresentava as propostas da entidade paulista.
Entre elas, eleições diretas, posição que prevaleceu no Congresso, o que não poderia ser diferente, afinal a estudantada que queria eleições diretas para Prefeitos, Governadores e Presidente da República, não podia ser incoerente e eleger de foma indireta a nova direção da entidade.

domingo, 26 de abril de 2009

De Bloqueio em Bloqueio


Nova barreira para checagem dos mesmos documentos não demorou muito, ainda na Dutra, em Aparecida.
O clima noturno com uso de lanternas pelos policiais lembrava filmes de Costa Gravas e causava apreensão nos mais paranoicos.
Essas fotos não foram possiveis, pois exigiria flash e o confisco do equipamento.
As fotos dessa e da postagem anterior são da barreira montada em Além Paraiba.
Haviamos desistido da Dutra e pensamos em seguir pelo interior, ledo engano, todos os caminhos estavam minados, o objetivo era demonstrar que ainda estava vivo o que queriamos encerrado, o regime militar, a politica de segurança nacional, o estado policial, a proibição da livre organização e pensamento, e por isso gritavamos:
Abaixo a Ditadura!